Plastinação está próxima

Texto escrito por Robin Hanson [fn star]Robin Hanson é professor de Economia na Universidade George Manson e pesquisador associado do Future of Humanity Institute da Universidade de Oxford.[/fn] (2011) [fn star]Texto traduzido por Lucas Machado. O original em inglês pode ser lido aqui.[/fn] (Versão em PDF)

A maior doação individual para a caridade que eu já fiz foi ~$100. Mas agora eu estou doando $5000 para uma causa excepcionalmente digna. E eu sugiro que você doe também. Aqui está minha causa: pessoas que ‘morrem’ hoje podem viver de novo no futuro, talvez para sempre, como emulações de cérebro (= uploads, ems), se informação o bastante sobre os seus cérebros for salva hoje (e é claro, se a civilização não perecer, se alguém no futuro se importar o bastante para se incomodar, se você for sua atividade cerebral, etc.). Isso provavelmente é informação cerebral o bastante: a forma espacial e a localização de cada célula do cérebro, incluindo as partes longas e magricelas que se esticam para tocar outras células, e duas dúzias de densidades químicas (na escala da parte magricela) para ajudar a identificar tipos de conexão e célula. Na verdade, é provavelmente o bastante para acertar 95% das conexões, e meia dúzia das densidades químicas.

Hoje, a modo principal das pessoas tentarem salvar tais informações do cérebro é pagar a organização cryonics para congelar seu cérebro em nitrogênio líquido, e mantê-lo congelado por um longo tempo. Contudo, essa abordagem falha se essa organização falhar mesmo que brevemente em sua tarefa, deixando os cérebros descongelarem, um evento que julgo mais provável acontecer durante a escala de tempo de um século do que não ocorrer.

Além disso, nós não sabemos de verdade se cérebros congelados preservam informações cerebrais o bastante. Até recentemente, formação de gelo no processo de congelamento arrancava grandes pedaços do cérebro por todos os lados e os mandava para locais distantes. Uso recente de um anti-freeze especial reduziu isso, mas nós não sabemos se o anti-freeze chega em lugares o bastante. Ou mesmo se informação o bastante é salva onde ele vai.

As pessoas que desenvolveram o anti-freeze publicaram algumas fotos 2D queparecem boas, mas nós não sabemos o quão seletivamente elas foram escolhidas, ou o quão pior é o processo de congelamento de criogenia típico. Alguns bons pesquisadores do cérebro são céticos a esse respeito. (Sim, pessoas do futuro podem talvez desfazer mesmo danos bem complexos ao cérebro, mas não conte com isso.) E dado meu ceticismo médico usual, eu preciso ser cético aqui também.

Apesar da criogenia estar sendo praticada há 40 anos, suas técnicas se aprimoraram apenas lentamente, seus poucos clientes podem induzir apenas a um pequeno esforço de pesquisa. A comunidade muito maior de pesquisa do cérebro, em contraste, tem aprimorado rapidamente suas maneiras de fazer scans 3D rápidos, detalhados e baratos, e preparar amostras para tais scans. Veja, pesquisadores do cérebro precisam de maneiras para impedir as amostras de cérebro de mudarem, e serem fortes contra perturbações causadas pelo scan, para que possam estudar suas amostras de cérebro à vontade.

Essas técnicas de pesquisa do cérebro chegaram agora a dois marcos chaves:

  1. Acharam novas maneiras de ‘consertar’ amostras de cérebro as preenchendo com plástico, maneiras que parecem impressionantemente confiáveis, resistentes e duradouras, que funcionam em grandes volumes do cérebro. (por exemplo, aqui). Tais técnicas de ‘plastinação’ [plastination] parecem estar próximas de ser capazes de salvar informação o suficiente nos cérebros por séculos, sem precisar de cuidado contínuo. Apenas largar um cérebro de plástico em uma caixa num armário parece funcionar bem.
  2. Hoje, por algumas dezenas de milhares de dólares, menos do que o preço cobrado para um cliente de criogenia, é possível fazer com que laboratórios independentes tomem amostras aleatórias de cérebros inteiros de ratos e humanos preservados por meio de criogenia ou plastinação e façam scans 3D de alta (5nm) resolução das células vizinhas, suas conexões, a força de suas conexões, e testar se alguma dessas abordagens claramente preserva informação chave do cérebro.

Um doador anônimo fundou um Prêmio de Preservação do Cérebro de $100K, pago para o(s) primeiro(s) grupo(s) a passar por esse teste com um cérebro humano, com um quarto do prêmio indo para o primeiro time que passar no teste com um cérebro de rato. Grupos de criogenia e plastinação já inscreveram cérebros inteiros de ratos para serem testados. O único problema é que a organização do prêmio precisa de dinheiro (~25 – 50K$) para fazer os testes!

Essa é a causa excepcionalmente digna para a qual eu doei 5K, e para a qual eu encorajo que outros doem. (Mais informações aqui; doe aqui.) Nós parecemos estar próximos de ter uma técnica de plastinação viável, na qual por algumas dezenas de dólares ou menos se poderia preencher um cérebro com plástico, salvando sua informação cerebral chave para futuramente ser revivido em uma forma facilmente armazenável. Nós podemos apenas não ter doações de uma quantia similar para testar se ele salva essa informação chave cerebral. (E se a primeira abordagem falhar, talvez testar algumas revisões.)

Eu não entendo por que a comunidade de criogenia já não está completamente envolvida nisso. Para expressar minhas opiniões para eles mais forçosamente, eu ofereço aposta até $5K que plastinação tem mais chances de ganhar o prêmio completo do que criogenia. Quer dizer, se plastinação ganhar mas criogenia falhar, eu ganho a aposta, e se criogenia ganhar mas plastinação falhar, eu perco. Se ambos ganharem ou ambos falharem, a aposta é cancelada. Alguém topa?